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Louro, Loureiro


Louro: Informação científica

O loureiro, Laurica nobilis, é uma espécie da família das Lauráceas, a família botânica mais abundante da floresta laurissilva, característica das ilhas da Macaronésia (Açores, Madeira, Cabo Verde e Canárias). O loureiro é uma espécie comum na região do Mediterrâneo e prefere habitats húmidos e sombrios. É um arbusto dióico (com plantas masculinas e femininas) e produz flores pequenas e discretas e bagas pretas. Contudo, a característica que torna esta planta tão especial na bacia mediterrânica é a sua rama (caule e folhas) aromática, transversal a uma boa parte da culinária tradicional portuguesa. 

Uso na gastronomia

Para além de ser um elemento quase obrigatório em assados e guisados, o louro também pode ser utilizado em infusões. 

Para os madeirenses, o louro é ainda mais especial pois é usado nas famosas espetadas de pau-de-louro.

O mito de Apolo e Dafne (uma história sobre o louro)

Usos culinários à parte, o louro tem uma relação estreita com as civilizações mediterrânicas. 

Na mitologia grega, associamos a folha à famosa coroa de Apolo, deus do Sol. Segundo o mito, Eros, o deus do amor, depois de uma altercação com Apolo, decidiu alvejar o deus do Sol com a seta de ouro (que procura o amor) e Dafne, uma ninfa (semi-divina) com uma seta de chumbo, que a afastava de quem a enamorava. Apolo, perdidamente apaixonado por Dafne, persegue-a, a qual, vítima da perversidade de Eros, foge às mãos de Apolo. No momento em que o deus está prestes a alcançar a ninfa, esta suplica por ajuda ao seu pai, Peneu, o deus-rio. O pai lança um feitiço sobre a filha e no instante em que Apolo tocava as pontas dos seus cabelos, Dafne transforma-se num loureiro. Apolo, estupefacto com a metamorfose súbita, em vão tenta reanimar o corpo vegetal com os seus beijos. Desolado, o deus colhe algumas folhas de louro e faz com elas uma coroa para enfeitar o seu cabelo. A famosa coroa, que em tempos celebrou a glória dos imperadores romanos, passou a ser associada aos grandes nomes das artes, da música e da literatura, uma vez que Apolo não era apenas deus do Sol, era também a deidade patrona das Artes, da Música e da Poesia. De forma a elevar as grandes personalidades artísticas da História Ocidental foram no passado sucessivamente retratadas com uma coroa de louros como que os elevando a uma dimensão divina, pela sua obra imortal. Não é por acaso que o nosso bem conhecido Luís Vaz de Camões surge muitas vezes retratado, para além da pala no olho, com uma coroa laurácea. 


Textos por: António Vaz Pato